quarta-feira, 18 de abril de 2012

O desafio de Plutão em Libra - aos meus companheiros de geração






Eu adoro ler e não conseguiria nunca dizer quais os livros que mais gostei, pois foram muitos, muitos mesmo. Mas este foi um dos que me marcaram: “Enquanto corria a barca”, da autora Lucy Dias, publicado pela Editora Senac.  Vejam o que diz sua sinopse:

“A autora demonstra nesse livro que os anos 70 formaram a mais trepidante década do século XX. Foram anos de chumbo, piração e amor. Neles, a androginia, o feminismo, os gays, as crises, pessoais, a solidão e o desespero de muitos jovens em postura de confronto tiveram destaque nunca visto. Os depoimentos nele incluídos contribuem para a compreensão de um período de profundas transformações”.


Sempre fui apaixonada pelos anos 70, sua música, estética, idéias. Doces Bárbaros, Novos Baianos, Raul Seixas. Janis Joplin, Jim Morrison, Beatles, Rita Lee, Freddie Mercury. O Sítio do Pica Pau Amarelo, Dancing Days, As Frenéticas, As Panteras. Calça boca de sino, salto plataforma, plumas, penas, incensos, artesanato. Miçangas, yoga, flores e amores... Queria ser hippie, sou fascinada pelas histórias que minha mãe contava sobre a época da ditadura e seus guerrilheiros, e sempre tive uma quedinha pela psicodelia. Quando li este livro, senti saudades...Saudades de um tempo em que não vivi, já que nasci em 1976! Porém, fiquei intrigada, pensando no porquê de tanta identificação. Nesta época, já estudava astrologia e fui novamente olhar meu mapa astral. Vi meus planetas e constatei o óbvio, para o qual nem sempre a gente atenta: por nascer nesta época, carrego impregnadas em mim suas energias: Plutão em Libra, Urano em Escorpião, Netuno em Sagitário...Eu e todas as pessoas desta  mesma geração  - período que vai aproximadamente de 1971 a 1983 - , que nasceram sob a influência destes mesmos trânsitos planetários, já que Plutão, Urano e Netuno são planetas geracionais, ou seja, seus trânsitos são lentos e duram o período de uma geração.

Plutão (transformação, revelação) transitou por Libra (relacionamento) de 1971 a 1983, e durante este período, revirou a lixeira dos relacionamentos afetivos. O casamento começava a deixar de ser um sonho romântico e conceitos como “felizes para sempre” e “até que a morte nos separe” passavam a ser questionados. Somos filhos da grande crise conjugal, da descoberta de que sexo e amor nem sempre andam juntos, de que não vale a pena sacrificar a  felicidade por uma vida de conveniências e  aparências, da conclusão de que a sociedade nunca estará satisfeita e portanto foda-se! Somos filhos de uma geração que sofreu muito em seus relacionamentos e que abriu caminho para que o divórcio deixasse de ser um tabu. E , obviamente, pagamos um certo preço por esta herança, vivenciando também muitas dores em nossos relacionamentos afetivos. Poucas são as pessoas de nossa geração que não viveram intensos aprendizados e transformações através de seus relacionamentos...

Nesta mesma época (1974-1981), Urano (inovação, liberdade) transitava por Escorpião (sexualidade), trazendo a liberação sexual. Como continuar casado numa época em que ninguém era de ninguém e todo mundo podia comer todo mundo? Só podia dar na crise de Plutão em Libra mesmo! Com Urano em Escorpião, os gays começaram a sair do armário, nos brindando com o colorido de suas purpurinas. Muitos preconceitos e tabus sexuais foram quebrados. O preço de tudo isso foi pago depois, com a entrada de Plutão em Escorpião, trazendo a AIDS, o medo associado ao sexo, e a necessidade da vivência da sexualidade com um pouco mais de consciência, mas primeiro foi preciso quebrar padrões e liberar a repressão, o que Urano sabe fazer como ninguém! Nossa geração ganhou uma sexualidade um pouco mais sadia, embora no que diz respeito a este tema, a humanidade ainda tenha muito o que aprender....

Para completar, Netuno transitava por Sagitário (1970-1984), dissolvendo (Netuno) dogmas, postulados, doutrinas, religiões, preconceitos de todos os tipos (Sagitário). Com Netuno em Sagitário, fortaleceu-se a compreensão de que não é necessário ter religião para ter espiritualidade. A mente se expandiu, se liberou com o uso do LSD, conheceu as experiências psicodélicas de Thimothy Leary. Carlos Castaneda presenteava o mundo com os conhecimentos de Dom Juan, abrindo as portas das mentes e introduzindo o conhecimento xamânico das plantas de poder. Viajar, pelas estradas  da mente, ou com a mochila nas costas, era um caminho para a liberdade, espiritualidade, busca de si mesmo e do conhecimento superior. O contato com outras culturas e a expansão da consciência revolucionou crenças, estilos de vida, aproximou da natureza fazendo brotar a consciência ecológica.

Os anos de chumbo, talvez pelo excesso de repressão e turbulência no cenário político, econômico e social, foram marcados pela busca por liberdade em vários setores da vida – nos relacionamentos, na sexualidade, na mente, no espírito, e querendo ou não,  nossa geração traz na alma esta marca. E agora, os filhos de Plutão em Libra estão sendo chamados à ação.

 A quadratura de Plutão com Plutão (Plutão, atualmente em Capricónio, faz uma quadratura, ou seja, um ângulo de 90 graus com nosso Plutão natal, em Libra), o trânsito de Saturno pelo signo de Libra, fazendo uma conjunção sobre nosso Plutão natal, Urano passando por Áries, se opondo a nosso Plutão libriano ativam todas as energias absorvidas no momento de nosso nascimento e as convidam a se manifestarem. Tivemos trinta e poucos anos para sofrer, purgar, compreender e aprender com tudo o que absorvemos de nossos pais e agora é a nossa vez de transformarmos o mundo. As sementes que foram plantadas nos anos 70 estão maduras e prontas para serem colhidas. Por isso, temas daquela época estão voltando à tona.

 Nunca se falou tanto em repressão, ditadura, rebeliões, revoluções e guerrilhas como agora. A ecologia, a permacultura, a espiritualidade, a liberação da mente, as novas formas de sexualidade e relacionamentos são assunto novamente. Com a ajuda dos trânsitos de Plutão e Capricórnio, Netuno em Peixes, Urano em Áries, estamos sendo convidados a construir uma sociedade mais justa, onde haja menos controle e abuso de poder, onde reine a compaixão, a compreensão, a iniciativa e a independência.

Nos últimos trinta e poucos anos, aprendemos, com os erros de nossos pais e com nossos próprios erros, que não existem almas gêmeas, que não precisamos da “nossa outra metade” para sermos felizes, e que um relacionamento de verdade só se constrói com base na liberdade e no amor. Aprendemos que “para sempre” é tempo demais. Aprendemos que homem não precisa casar só com mulher, nem mulher só com homem. Que o amor se manifesta das mais variadas formas, que cada um tem o direito de transar como e com quem quiser. Que espiritualidade é muito mais do que religião, e que religião pode sim ser uma forma de dominação. Aprendemos que família não precisa ser constituída de papai, mamãe e filhinhos, e que podemos ter dois pais ou duas mães, que podem ser casados no papel ou não. Entendemos que homem pode sim casar com homem e mulher com mulher, com direito a véu, grinalda, certidão e tudo o que quiserem. Aprendemos que não precisamos chacinar os animais para nos alimentarmos, aprendemos que podemos viver de forma mais leve e saudável, preservando a natureza, nossos corpos e o planeta. Aprendemos que não precisamos ter filhos só porque a sociedade impõe e que família somos todos nós, filhos do Céu e da Terra. Agora é nossa hora de começar a ensinar. De preferência, através do exemplo.













4 comentários:

  1. Texto perfeito!sou libra em plutão, urano em escorpião e netuno em sagitário! Me identifiquei em tudo

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  2. Texto perfeito!sou libra em plutão, urano em escorpião e netuno em sagitário! Me identifiquei em tudo

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  3. Tenho Urano em Sagitário, nasci em 83, mas mesmo assim me identifico com algumas coisas aqui. :)

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  4. Palavras que descrevem muito bem nossa geração, super me identifico 💜

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