(Cântico dos Cânticos)
Anteontem,
Vênus entrou em Sagitário e eu fiquei romântica. É que tenho Vênus em Sagitário
fazendo conjunção a Netuno no meu mapa astral, e sou o tipo de pessoa que
acredita em amores espirituais, almas gêmeas, outras vidas e coisas assim.
Tá, racionalmente sei que isso pode ser bobagem, mas...quem disse que sou
uma pessoa racional?
Para tentar
aplacar esta forte influência dos astros que ora me deixavam flutuar, ora me faziam surfar nas azuis e rosadas ondas netunianas ( e
muitas vezes tomar uns caldos gigantescos também), achei melhor ficar mais atenta
aos ensinamentos das estrelas.
No mapa
astral, a casa 7, regida pelo signo de Libra e pelo planeta Vênus, é
considerada a casa do casamento, da parceria, das sociedades. É a casa que
mostra o tipo de pessoa que você escolhe pra casar. Está associada ao elemento
ar, ligado à racionalidade.
Já a casa 5, regida por Leão e pelo Sol, é
considerada a casa do romance, do prazer , a casa do verdadeiro amor. Está
associada ao elemento fogo, ligado à paixão. Quer dizer, a sabedoria antiga já nos
dava algumas pistas: na maioria das vezes, uma coisa é uma coisa, outra coisa é
outra coisa, né?
Para a astrologia
tradicional antiga, a casa 7, a do casamento, também era considerada a casa dos
"inimigos declarados"!!!!
Na boa, eu
acho isso muuuitooo interessante!
É que o
inimigo declarado da casa 7 é "o outro", através do qual, pela
convivência, podemos nos perceber por inteiros, enxergando nossas sombras e
defeitos. Através do olhar do outro podemos nos conhecer, nos ver no espelho, e
muitas vezes não gostar do que vemos. Mas ainda assim, através dele, temos a chance de melhorar e nos aperfeiçoar.
Agora, ninguém disse que isso é fácil. Até porque, nem sempre esta alquimia é
bem sucedida, e muitas vezes as relações aprisionam, nos afastando de nós
mesmos e da nossa essência. Sartre já
bem dizia, "o inferno são os outros"!
Já na casa 5,
com Leão, podemos ser nós mesmos, desenvolver a individualidade e a essência
espiritual solar. Mas, já dizia o
filósofo também, sem o outro, somos um eterno “vir a ser” que nunca se
completa. O outro que atravanca os nossos projetos é o mesmo que dá sentido a
eles. Portanto, a astrologia separa a parceria e a paixão, porque é o que nós,
humanos ainda tão pouco evoluídos, em nossa visão e pensamentos lineares, acabamos
fazendo, por nem sempre suportar o inferno do outro que é também o nosso
próprio inferno.
É mais fácil ver no parceiro o inimigo declarado e sonhar com um amor perfeito, verdadeiro, idealizado e leonino. Mas é só nos aproximarmos um pouco mais deste “amor verdadeiro” , que depois de um tempo, a paixão diminui e...pronto, já se torna ele o novo inimigo declarado e será preciso projetar o amor verdadeiro em outra pessoa.
É mais fácil ver no parceiro o inimigo declarado e sonhar com um amor perfeito, verdadeiro, idealizado e leonino. Mas é só nos aproximarmos um pouco mais deste “amor verdadeiro” , que depois de um tempo, a paixão diminui e...pronto, já se torna ele o novo inimigo declarado e será preciso projetar o amor verdadeiro em outra pessoa.
Leão e a casa
5, ao mesmo tempo em que representam a essência espiritual solar, o eterno vir
a ser das infinitas possibilidades do espírito, num nível de consciência mais
inferior, simbolizam o ego e o narcisismo, as forças motrizes das “grandes
paixões” incapazes de sobreviver a um mês de convivência, tão comuns em nossos tempos. Já Libra e a
casa 7 trazem o simbolismo de Vênus, planeta que representa o amor, em suas
características de equilíbrio, neutralidade, união de opostos e subjugação do
ego.
Imagino que o
grande desafio alquímico dos
relacionamentos seja fazer o ar alimentar o fogo, unindo os potenciais da casa 5 e
casa 7 numa única parceria, encarando seus desafios. Tudo isso, para fazer
ferver as profundas águas escorpiônicas da casa 8, moradia da intimidade, e
também do morrer e do renascer que ela proporciona. Lógico que com isso não
quero dizer que acredito no “até que a morte nos separe” ou no “felizes para sempre”. Às vezes a fervura no
caldeirão desanda e entorna sobre a terra. Paciência. Aí o jeito é começar do
zero uma nova mistura.
Mas eu
acredito mesmo é no poder de sedução do inimigo. Acho que ele tem tudo pra ser
um grande professor, e pra quem está disposto a aprender com seus
ensinamentos, esta pode ser uma aventura
muito excitante!
Eu sou para meu amado e seu desejo é para
mim.
Vem, amado, saiamos para o campo,
pernoitemos nas aldeias:
de manhã iremos logo para as vinhas, a ver
se a videira floresceu,
se as flores estão-se abrindo, se floresceram as romãzeiras:
ali te darei os meus amores.
se as flores estão-se abrindo, se floresceram as romãzeiras:
ali te darei os meus amores.
As mandrágoras espalharam seu perfume às
nossas portas,
todos os melhores frutos,
novos e velhos, guardei para ti.
(Cântico dos Cânticos)