quarta-feira, 25 de junho de 2014

A Lunação canceriana e o caldeirão de Medeia



Francisco me disse que Eurípedes outro dia lhe contou que Medeia, também conhecida como Joana, falou para Jasão:

- Deixe em paz meu coração, que ele é um pote até aqui de mágoa. E qualquer desatenção, faça não, pode ser a gota d'água. Pode ser a gota d’água...

Jasão não lhe deu ouvidos... Ignorada,  ela então matou seus dois filhos e em seguida se suicidou.

No céu, com o início da lunação canceriana em 27 de junho, o caldeirão de emoções está transbordando.  Marte se opõe a Urano, Sol e Lua batem de frente com Plutão, Saturno segue em Escorpião e Mercúrio retrograda em Gêmeos, enquanto Medeia/Joana remói suas mágoas dentro de cada um de nós.

O sentimento é de cansaço, decepção, desilusão, tédio. Mais do mesmo. Antigos ressentimentos retornam, histórias antigas se repetem,  sensações de frustração e de injustiça vêm à tona. A podridão aos poucos vai sendo revelada, as máscaras caindo. Velhas feridas voltam a doer e sangrar gerando raiva, trazendo à superfície venenos que precisam ser expurgados.

Medeia amava Jasão. Sempre esteve ao seu lado, ajudando, apoiando,  emprestando seus conhecimentos e dons de feiticeira  para que ele realizasse todas as suas conquistas. Ela salvou sua vida, deixou para trás tudo o que tinha para se juntar a ele, mas recebeu em troca apenas ingratidão e traição. Cega de ódio e de dor, vingou-se de seu amor, tirando sua própria vida e a de seus filhos, para causar-lhe o máximo de culpa e sofrimento.

Para evitar explosões, destruição e estragos ao redor, é preciso dar ouvidos ao que chora e lamenta dentro da alma. Para que sentimentos não venham à tona de forma explosiva e irracional, criando caos e confusão, é preciso olhar para dentro com coragem,  sinceridade e perguntar:  O que me magoa? Quando me sinto traído, negligenciado, injustiçado e explorado? O que estou fazendo para atrair este tipo de situação? Quem realmente merece minha ajuda e dedicação?  O que precisa morrer para renascer, o que já não cabe mais em minha vida e precisa ser deixado para trás?

E então chorar, desabafar, para depois abandonar também o papel da vítima, assumindo a responsabilidade pelo que acontece, transformando e mudando a forma de agir através da conscientização. Medeia só queria amor e atenção, ela só queria ser ouvida e reconhecida. Teremos as próximas quatro semanas para redimi-la.


Filhos do Sol, filhas da Lua





São muitas as teorias que tentam explicar as diferenças de comportamento entre homens e mulheres, na esperança de fazer com que um dia eles se entendam. Eu, particularmente, não tenho muita certeza de que este dia ainda irá chegar, mas também não deixo de achar todas essa teorias interessantes.  Algumas se baseiam em comportamentos herdados das tribos pré-históricas, outras na bioquímica hormonal e há até quem diga que os homens são de Marte enquanto as mulheres são de Vênus...

Uma das minhas teses favoritas vem da astrologia, segundo a qual os homens são comandados pelo Sol, enquanto as mulheres, são filhas da Lua.

Para a astrologia, o Sol simboliza o masculino, a autoridade, a clareza, a  paternidade,  enquanto a Lua representa o feminino, a maternidade, a sensibilidade,  receptividade,  a intuição, o mundo oculto. Lembrando que o Sol e a Lua nunca se encontram, a não ser nos momentos de eclipse...

Os homens são como o Sol, que está sempre ali, em seu lugar fixo, enquanto todos os planetas se movimentam. Na verdade, o Sol também se movimenta, mas para nós, seu movimento é imperceptível. Assim também são os homens; não é que eles não mudem, mas gostam de estabilidade, de uma certa rotina. Preferem ir sempre aos mesmos bares, fazem amizade com os garçons,  gostam de ter um dia certo na semana pra jogar com os amigos, frequentam durante anos o mesmo restaurante. Pra que trocar o certo pelo duvidoso?  Sua atenção é fixa, concentrada e é por isso que nem adianta tentar falar com eles na hora do futebol.

Já as mulheres, em sua natureza lunar, estão sempre em movimento.  É que a Lua muda de fase quatro vezes por mês, e a cada dois dias e meio muda de signo, conseguindo em 28 dias transitar por todo o zodíaco... Por isso, as mulheres falam sem parar, fazem mil coisas ao mesmo tempo, assistem novela enquanto conversam com duas ou três amigas pelo facebook e pelo whatsapp.  Detestam rotina. Pra que ir sempre ao mesmo lugar se existem  tantas outras opções? Mudam de ideia, mudam de humor, mudam de roupa... Mudam, mudam, mudam...

Enquanto os homens se contentam com apenas alguns sapatos, e não tem a necessidade de variar tanto o guarda roupa, as mulheres compram um novo par de sapatos a cada dia (mesmo sabendo que provavelmente nunca vão usar), tem uma infinidade de vestidos, saias, calças, blusas e acessórios e ainda assim nunca encontram o que vestir na hora de sair de casa.

A Lua tem um lado oculto, que nunca se mostra, por isso as mulheres são tão difíceis de entender. Adoram fazer mistério e veem intenções ocultas por toda parte.  Enquanto os homens são objetivos, claros, diretos e não entendem muito bem indiretas e subtextos, as mulheres estão sempre tentando entender o que está oculto, o que não foi dito ou “o que ele quis dizer com aquela frase”.  A Lua rege as marés, fazendo com que o mar tenha seus altos e baixos...Nem preciso dizer nada sobre a TPM, né? Já diziam os Raimundos: “Mulher de fases”.

Muitos homens reclamam que quando conheceram suas mulheres elas eram de um jeito, e depois mudaram muito, e que já não as reconhecem mais. Já algumas mulheres, alimentam a esperança secreta de que com o relacionamento conseguirão mudar seus homens, moldá-los de acordo com seus desejos e expectativas... É claro que ambos sempre se decepcionam! Não adianta querermos entender o outro com base em nossa própria natureza e funcionamento.

Sendo assim, queridos amigos do sexo masculino, quando estiverem aflitos, tentando entender as maluquices de suas companheiras lunáticas, olhem para o céu durante a noite. E uivem, se for preciso desabafar!






sexta-feira, 11 de outubro de 2013

quinta-feira, 19 de setembro de 2013

A astrologia e a nova física: integrando a ciência sagrada e a secular

Gratidão ao amigo Saulo Marcussi, que me enviou este texto sensacional. 

A todos os interessados e especialmente aos céticos de plantão, recomendo a leitura:












Ph.D. William Keepin 

- Introdução de
 ROBERT HAND:

"Nosso primeiro palestrante desta manhã será William Keepin, com quem tive o prazer de conversar há alguns anos atrás por cerca de um dia a um dia e meio aproximadamente. Foi uma das conversas mais significativas que tive na minha vida. Basicamente, temos aqui um ‘convertido’: William é Ph.D. em física e fez inúmeras importantes contribuições ao estudo da física moderna. Ele não é alguém que, sendo um mau físico, resolveu partir para a metafísica. Ele é um Ph.D. que, após ter se dedicado muito à sua especialidade, decidiu que era necessária uma busca metafísica, estando agora envolvido em relacionamentos entre conceitos ambientais e espiritualidade. Isto não é exatamente o que tem sido ensinado nos setores de física das escolas de graduação, embora a física de hoje em dia esteja como que apontando nessa direção. E William é um dos primeiros entre um número crescente de pessoas que cruzou a linha e uniu-se a nós, pessoas consideradas estranhas para a civilização moderna." 


WILLIAM KEEPIN:
"Agradecido, Bob, por esta brilhante introdução. É maravilhoso ser apresentado como um convertido. Na verdade, a última coisa que eu poderia imaginar até uns seis anos atrás seria estar dando uma palestra num simpósio sobre astrologia. Fui treinado como um cientista em física e matemática. Apesar de sempre ter estado aberto para algumas coisas, tais como expansão da consciência e conceitos budistas de nirvana e shunyata, a mais absoluta das insignificâncias para um cientista rigoroso é a astrologia. O que é verdadeiramente interessante, pois sinto agora que é precisamente na área da astrologia onde a ciência poderá vir a ter uma das maiores aberturas nas próximas décadas e séculos, dependendo de quanta resistência for encontrar. O que desejo fazer hoje é sublinhar uma "intimação" dessa possibilidade. 


Permitam-me discorrer um pouco sobre meu background astrológico, que é bastante limitado. Tive a grande sorte de estudar com Stanislav Grof por aproximadamente três anos e, durante seu curso, Rick Tarnas veio por uma semana e fez uma série de apresentações sobre astrologia, após o quê, comecei a estudar meu próprio mapa, olhando particularmente para aspectos e trânsitos, bem como mapas de familiares. Em resumo, fui sendo conduzido com grande critério e cuidadosamente por Rick. E lhe sou muito grato por isso, pois minha abertura para a astrologia realmente veio por seu intermédio. 

O momento-chave, meu momento inicial de transformação, veio ao observar o mapa de uma familiar muito próxima. Muitos anos antes ela tinha tido um surto psicótico, quando foi diagnosticada como esquizofrênica, tendo passado por consecutivas internações em hospitais psiquiátricos. Em seu mapa natal ela apresentava uma conjunção Marte-Urano em quadratura a Netuno, estando Netuno também em trígono a uma conjunção Vênus-Mercúrio. Quando ela teve este problema, Plutão estava se aplicando sobre seu Netuno, fomentando, portanto, a desafiadora quadratura à conjunção Marte-Urano. Daí que, precisamente em Novembro de 1982, no mês em que teve que ser internada, Saturno entrou em conjunção com Plutão também. Ela sofreu, portanto, os trânsitos de Saturno e Plutão em conjunção a Netuno, que é, claramente, um trânsito que só ocorre uma vez na vida, e teve, conseqüentemente, um tipo também único de experiência vital. Aquela constatação representou uma grande abertura para mim, levando-me a investigar mais de perto a astrologia, o que continuo fazendo até hoje. 

Quero, portanto, dizer que é para mim uma grande honra e privilégio estar aqui. O que lhes quero ainda acrescentar é que, quando fui me encontrar com Bob Hand, Rick estava me acompanhando. E, como Bob alertou, foi verdadeiramente uma das mais fascinantes discussões de que eu também tomei parte. Cobrimos uma ampla gama de tópicos e, em seguida, fomos Rick e eu, para uma conferência. Acho que nunca comentei a respeito com o Rick mas, no vôo de volta a Frisco, enquanto conversávamos, eu subitamente senti a profundidade do que estava se passando. Eu tive o sentimento muito distinto e claro de que a parte de trás de minha cabeça se abrira e de que tinha sido removida. Tive a sensação de estar numa comunicação muito direta com o sentimento cósmico ou comunhão na parte posterior de minha cabeça - foi quase como uma sensação física palpável. No momento, pensei apenas: "Nossa, que interessante!" Mas, retrospectivamente, sei dar o devido valor àquele momento. 

O que tenho a lhes oferecer hoje, mais que uma apresentação, é um tipo de meditação. Vou lhes fornecer algumas das idéias, pesquisas e contemplações que venho tendo nesses últimos seis anos em que tenho considerado a questão de "como poderia a astrologia ser validada". Ela parece tão em contradição com o que a ciência ortodoxa nos diz... 

Gostaria de iniciar enfatizando que a principal corrente científica não tem em verdade nada que desabone a astrologia. Os dois argumentos contumazes dados pela ciência são os de que não há evidências para a astrologia, nem mecanismos que a possam explicar. A "não-evidencia" é simplesmente falsa, primeiramente pelo trabalho de Michel Gauquelin. Tenho certeza de que todos vocês estão familiarizados com este trabalho estatístico. Por mais válido e importante que seja, baseia-se em estatisticas. E creio que algo do que veremos na próxima década será um questionamento das estatísticas em si, como formas válidas de epistemologia. De toda forma, há evidência científica para a astrologia. O segundo ponto, a respeito do "não-mecanicismo", baseia-se nos argumentos do tipo: o efeito gravitacional do médico sobre o recém-nascido foi maior do que o de Plutão na hora do nascimento. Portanto, se o médico nada tem a ver com a psique do indivíduo, como o poderia ter Plutão?... O argumento é, em senso estrito, válido; mas o que tudo isso demonstra é apenas o fato de que a astrologia não opera em termos de gravidade. Poderíamos argumentar similarmente sobre interações eletromagnéticas e mesmo nucleares. Chegaremos à mesma conclusão: é valida até onde conduz, porém não chega a tocar a verdadeira natureza dos fenômenos. E ela não elimina explicações alternativas. 

A astrologia não contradiz, em absoluto, qualquer dos fatos científicos como os compreendemos. Está em discrepância com a injustificada extrapolação daqueles fatos, com uma visão de mundo que se presume comprovada pela corrente principal dos cientistas ortodoxos, mas as quais, na verdade, são um conjunto de presunções sobre a natureza da realidade. A astrologia está em disparidade com tais pressupostos, mas não com nenhum dos fatos estabelecidos. 

Em 1975 aconteceu uma famosa declaração da astronomia contra a astrologia, assinada por 186 cientistas. Os que a assinaram, em geral, pouco ou nada sabiam sobre astrologia. Mas foi interessante ouvir algumas das histórias sobre aqueles que não a assinaram, tais como Freeman Dyson do "Instituto para Estudos Avançados" em Princeton. Ele recusou-se a assinar por simplesmente não saber. E Carl Sagan, que vocês todos conhecem como um homem de grande visão sobre os bilhões de estrelas do cosmos, creio que ele também recusou-se a assinar. Não tenho certeza absoluta quanto a isso, mas ele deu a seguinte declaração sobre a astrologia: "Bela forma de se descartar de alguma coisa, por não sermos capazes de compreender como ela funciona". O fato de não podermos pensar em nenhum mecanismo para a astrologia é relevante, mas não convence. Por exemplo, nenhum mecanismo era conhecido para o "continental drift" quando ele foi proposto por Wegener. No entanto, podemos ver que Wegener estava certo, e que aqueles que objetaram com base na inexistência de um mecanicismo estavam errados. Basicamente, Sagan deveria ganhar o crédito pelo reconhecimento de que não se pode descartar a astrologia simplesmente por não sabermos como ela funciona. Talvez vocês estejam familiarizados com alguns dos trabalhos de Percy Seymour, autor de alguns livros sobre ciência e astrologia, como "The Scientific Basis of Astrology". 

Não sou íntimo conhecedor de seu trabalho, mas li boa parte dele. A essência do que ele propõe é que a astrologia trabalha por uma espécie de interação de campos magnéticos. O que lhes estou oferecendo aqui é uma compreensão muito diferente. No meu entender, a astrologia verdadeiramente é muito mais profunda do que qualquer processo que ocorra no reino físico. Envolve alguma coisa que está além do reino físico, razão pela qual estamos agora ganhando evidência crescente em alguns dos novos desenvolvimentos em ciência moderna. E é sobre isso que quero lhes falar hoje. Tais desenvolvimentos são o trabalho teórico de David Bohm e os campos emergentes de dinâmica não-linear, e a "Teoria do Caos", particularmente, a "Geometria dos Fractais". Estarei lhes dando um exemplo adiante. 

Gostaria de iniciar com o trabalho de David Bohm em física teórica. Bohm nasceu em 1917. Foi um jovem e brilhante físico que estudou na Berkeley de Oppenheimer. Ele foi então para Princeton, tornando-se colega de Albert Einstein. E, de fato, ele e Einstein tiveram discussões intensas sobre o significado da teoria quântica. Bohm escreveu um livro sobre teoria quântica que foi publicado em 1951, e que foi considerado por Einstein a mais clara exposição sobre física quântica que ele jamais houvera visto. Os dois tornaram-se muito íntimos, tendo-se dado então um desenvolvimento muito peculiar. Bohm foi chamado a depor contra Oppenheimer durante o MaCarthysmo, ao que ele se recusou. Embora Oppenheimer tenha sido inocentado, Bohm perdeu seu trabalho em Princeton e teve que deixar o país. Assim, sua associação com Einstein foi efetivamente rompida. Em seguida, Bohm foi para o Brasil, depois Israel e terminou na Universidade de Londres, onde desenvolveu a maior parte de seu trabalho. Sua contribuição básica para a física e para a ciência em geral é ainda muito menosprezada e e eu proponho que ela nada mais é do que uma compreensão completamente nova do que a ciência significa e do que ela é. Gostaria de resumir suas contribuições. 

Primeiramente, um comentário sobre a maneira como Bohm trabalhava. Ele tinha uma ânsia apaixonada e flamejante pela busca do saber, por uma compreensão profunda sobre a natureza da realidade e da existência, o que o conduziu para muito além dos limites da física. Como muitos de vocês devem saber, ele conduziu um diálogo de 20 anos com o místico e sábio hindu Krishnamurti. Ele mantinha também diálogos extensivos com outros mestres espirituais, inclusive o Dalai Lama. E ele terminou desenvolvendo uma compreensão teórica da física moderna que é verdadeiramente consistente com os ensinamentos espirituais de eras atrás. E igualmente rica e complexa. 

O que me propus a fazer hoje é simplesmente sublinhar alguns dos fundamentos de seu entendimento. A natureza básica da realidade, de acordo com David Bohm, é aquilo que ele denominava "holomovimento" - holo, significando holográfico, emovimento sugerindo dinamismo e processo. Para usar suas palavras, a natureza da realidade é "uma única e inquebrantável integridade em movimento de fluxo". Desta forma, tudo está conectado e tudo está em fluxo dinâmico. Já nesse termo holomovimento, ‘holo’ refere-se à estrutura holográfica, significando que cada parte do fluxo, de alguma forma, contém o fluxo como um todo. Nós estaremos procurando por alguns exemplos sobre o que tal coisa poderia significar. E a parte ‘movimento’ do holomovimento é que o inteiro fluxo está numa constante mudança processual. Bohm desenvolveu esta idéia a partir de sua re-interpretação da física quântica. Muitos de vocês leram alguns dos célebres trabalhos de Fritjof Capra e Gary Zuk e sobre aquela inteira abertura que aconteceu ao final dos anos 70 e início dos 80, a respeito das implicações essencialmente místicas da física moderna. 

O feito de Bohm foi no mínimo tão importante quanto; porém não foi reconhecido como tal. Ele iniciou com a equação de Schroedinger, que é a equação central da teoria quântica, e a subdividiu matematicamente em duas partes. A primeira parte era essencialmente uma recapitulação da física newtoniana clássica, e a segunda era um campo informativo em forma de ondas (wave-like information field). A equação de Schroedinger é uma equação para o movimento do elétron e oferece um insight em questões tais como: "Como o elétron se comporta?", e "Qual é a natureza do elétron?"... Bohm postulou que o elétron se comporta exatamente como uma partícula clássica comum, contrariamente à teoria totalmente complementar de Neils Bohr sobre a dualidade onda-partícula e a escola de interpretação de Kopenhagen. Bohm dizia que o elétron comporta-se, sim, como uma partícula, mas tendo acesso à informação sobre o restante do universo. Esta é a parte que os físicos têm dificuldade em aceitar, como vocês podem imaginar, pois o elétron está essencialmente agindo com uma espécie de consciência em relação ao resto do universo. Tal consciência vem neste segundo termo, que Bohm denominou de potencial quântico, e que é um campo informativo em forma de ondas (wave-like information field) que fornece ao elétron acesso a informações sobre o restante do universo físico. Bohm foi capaz de demonstrar que a influência desse potencial quântico dependia apenas da forma e não da magnitude dessa forma de onda. E por não depender da magnitude era, portanto, independente de separação no espaço. Portanto, todo e qualquer ponto no espaço tinha uma contribuição a fazer à consciência do elétron. 

Se tal coisa faz algum sentido, a essência é que o elétron é um tipo de partícula guiada. De fato, Bohm usa a analogia de um avião 747 voando sobre um oceano. Ele é guiado por ondas de rádio. As ondas de rádio, elas mesmas não têm a energia para fazer com que um avião se desvie e altere seu curso, mas provêm a informação da qual a aeronave se utiliza para responder e ajustar seu curso. Portanto, as ondas de rádio contêm muito menos energia do que a aeronave, num sentido físico. Mas a informação que elas contêm possibilita à aeronave guiar e conduzir sua própria energia. Essencialmente é este o mesmo tipo de entendimento que Bohm tinha acerca do elétron. Bohm chegou a propor posteriormente que o holomovimento que eu mencionei consistia de duas partes: uma ordem explícita e outra implícita. Irei esclarecer essa diferença com um exemplo que o próprio Bohm desenvolveu. 

Imaginem uma jarra cheia de fluido muito denso, tipo glicerina, um líquido altamente viscoso. No centro da jarra há uma vareta cilíndrica com uma manivela, de tal forma que você poderá fazer a vareta girar. Adicione uma gota de tinta à glicerina, e a tinta simplesmente permanecerá ali. Mas quando você fizer girar o cilindro interno, ele irá puxar a gota de tinta e espalhá-la. Se você continuar girando, a tinta irá se espalhando em linhas longas, cada vez mais finas e apagadas. Eventualmente, caso você continue esse procedimento, a tinta efetivamente chega a desaparecer por completo. Você não mais poderá vê-la. Agora, neste ponto, é muito tentador concluir que a ordem que existia originariamente presente na gota foi completamente dissolvida ao acaso e de maneira caótica pela completa mistura da tinta à glicerina a tal ponto que você nem mesmo pode ver mais a tinta. Contudo, se você nesse ponto reverter a direção rotativa, descobrirá que a fina e longa linha de tinta começará a reaparecer. À medida que você continuar a reverter a rotação, ela continuará a se tornar cada vez mais espessa e mais claramente definida, e eventualmente chegará a se reconstituir. 

Pois, esta é uma metáfora mecânica para aquilo a que Bohm se refere. O que nos diz é que uma ordem oculta pode estar presente no que aparentemente é caos. Este é um insight muito importante que Bohm teve, portanto eu gostaria de repetí-lo. Com referência a este exemplo bem como à realidade em geral, o que parece casual pode, efetivamente, conter uma ordem oculta. E a menos que sua rede epistemológica seja suficientemente fina, ou suficientemente ampla, você irá perder a ordem que se oculta. Bohm denominou a tal ordem de "ordem implícita", pois embora a tinta se disperse a ponto de não mais ser visível, sua ordem foi, de alguma maneira, preservada. Ou, seria mais conveniente dizer ter sido ela transformada numa forma diferente, mas não foi destruída. E ela pode mover-se, de implícita para explícita, onde a ordem original torna-se então visível e manifesta. Então teremos novamente a gota de tinta reaparecendo. Quando ela desaparece, Bohm diria que sua ordem está envolvida na glicerina. Ao reaparecer, sua ordem se recompõe à ordem explícita. Eu estarei me utilizando desses termos, de tal forma que gostaria que vocês se familiarizassem com eles. O relacionamento total entre as ordens implícita e explícita é verdadeiramente complexo, e eu apenas direi poucas coisas a esse respeito. Se você estiver se debatendo para encontrar um modo de compreendê-lo, uma forma muito simples é imaginar que a ordem explícita é o reino manifesto; é o universo espaço-temporal em que vivemos. Portanto, a ordem implícita é o que não se vê, o reino do não-manifestado. É, talvez, tentador, pensar na ordem explícita como a realidade primária, e a implícita como uma realidade secundária sutil. Para Bohm, justamente o oposto é o caso. A realidade primária fundamental é a ordem implícita, e a explícita apenas um conjunto de ondulações na superfície da ordem implícita. De tal forma que, aquilo que podemos ver e sentir e tocar são meramente as ondas na superfície da realidade, que é o vasto oceano da ordem implícita. 

Outra maneira possível de se pensar sobre isto seria em termos da nossa velha conhecida rede televisiva. A ordem implícita é essencialmente toda a programação sendo transmitida a um dado momento, e a explícita aquilo que aparece na tela naquele preciso momento. Portanto, a ordem explícita é apenas uma janelinha estreita daquilo que realmente ali está - uma partezinha ínfima que se manifesta num mar de possibilidades - e a realidade inteira existe na ordem implícita.

Outro ponto enfatizado por Bohm é o de que o espaço vazio é parte do todo - esse movimento de fluxo incessante. O espaço vazio não é apenas um gigantesco vácuo através do qual a matéria se move, mas antes, espaço e matéria estão intimamente contectados. Esta é uma maneira muito importante de se reconsiderar a ontologia do assim chamado "espaço vazio". Bohm verdadeiramente efetuou alguns cálculos demonstrando que cada centímetro cúbico do assim chamado "espaço vazio" contém mais energia potencial do que toda a energia que se encontra manifestada no universo. Da forma como ele coloca a coisa, o espaço é cheio, preferivelmente a vazio. 

Creio que isto lhes deu alguma idéia sobre o pensamento de David Bohm. O que quero fazer agora é penetrar num exemplo mais concreto da estrutura holográfica. Para fazer isso, irei me utilizar de um exemplo da "Teoria do Caos" e da "Geometria Fractal". Este exemplo é conhecido como o "Mandelsbrot Set". Muito do que estou dizendo, em certo sentido, não será novidade para a maioria de vocês. Como astrólogos, intuitivamente vocês conhecem isso. O ponto principal de minha apresentação hoje será demonstrar-lhes de que maneira certas direções na ciência estão emergindo em direção a uma compreensão paralela. O "Madelbrot Set" é assim denominado em honra ao maremático francês Benoit Mandelbrot. Ele é gerado por um processo não-linear de repetição. O processo em si é incrivelmente simples. Basicamente, você o inicia com um número, eleva-o ao seu quadrado, somando a ele, então, uma constante. O que lhe fornecerá outro número. Então, você eleva esse novo número ao quadrado, soma-lhe a constante, o que lhe dará um terceiro número, e continua repetindo este processo. Se tal seqüência permanece limitada, isto é, se ela não se extrapola ao infinito, então o ponto por onde você começou é considerado o "Mandelbrot Set". Ele está na área negra. Se ele efetivamente se extrapolou ao infinito, então estará fora do conjunto (set), na área branca. Caso você não entenda a matemática, não se preocupe. Não é importante para o que estou querendo lhes demonstrar. 

Vamos agora fazer um "zoom" nesse "Mandelbrot Set" da ordem de cerca de um bilhão de vezes, e então você verdadeiramente poderá visualizar a estrutura desse conjunto. Conforme "mergulhamos" nele, você poderá começar a ver algumas regularidades estruturais muito bonitas, e também alguns padrões que se repetem em diferentes escalas. Você notará também que esses pequenos padrões começarão a assemelhar-se a algumas partes da estrutura original. Para dar continuidade ao nosso processo "zoom", eu gostaria de imergir em um desses pequenos pontos brancos reluzentes e, como você poderá ver, existe efetivamente algo de intrínseco, de delicadeza, de graça e de elegância nesta estrutura. Prosseguindo, você irá notar que em meio a isto, existe um outro pequeno ponto branco, de tal forma que agora iremos dar um "zoom" exatamente ali, e então vocês poderão notar que alguma coisa está emergindo. Se você examinar atentamente o centro daquele ponto branco, você verá o reaparecimento da figura original, de tal modo que, aqui, temos exatamente a mesma estrutura replicada numa escala um bilhão de vezes menor. Em matemática, chamamos a isto de "estruturas auto-similares" ou "nested sets". Em alquimia e astrologia, chamamos a isto "Como acima, assim abaixo" (As above, so below). Em certo sentido, a ciência está agora começando a descobrir, por intermédio de certos desenvolvimentos recentes, alguns dos antigos ensinamentos e sabedorias. 

Quero dizer mais sobre a natureza disso. No exemplo de Mandelbrot, lembrem-se de que demos um "zoom" de cerca de um bilhão de vezes e encontramos uma estrutura que virtualmente se assemelha ao todo. Contudo, se inspecionarmos mais de perto, constataremos não ser idêntica. Ela é ligeiramente diferente, e não apenas isso: se você ampliar qualquer uma dessas pequenas outras partes da mesma estrutura, novamente encontrará esses pequenos conjuntos de Mandelbrot que ali jazem. Literalmente, existem bilhões deles. De fato, há uma infinidade deles, pois cada um deles contem bilhões dentro de si, e o processo de mundos dentro de mundos se prolonga. O que temos aqui é um conjunto muito profundo de estruturas auto-similares aninhadas (nested self-similar structures). Os cientistas iriam apresentar a coisa assim. 

Temos aqui um tipo de evidência para a noção alquímica "As above, so below". Mais que isso, tal fato revela a bancarrota ontológica do reducionismo. A filosofia básica do reducionismo, que prevalece na ciência ortodoxa, insiste em que, caso queiramos compreender um sistema complexo, devemos seccioná-lo aos pedaços para torná-lo mais simples. O que estamos descobrindo aqui é que, quando quebramos o todo em pedaços, cada pedaço revela-se tão complexo quanto o todo original. E isto é uma compreensão muito diferente. Agora você poderá começar a visualizar o que queremos expressar com a idéia de que cada parte contém o todo. Pois ao darmos o "zoom" numa dessas partículas mínimas do "Mandelsbrot Set", que representa um bilionésimo do tamanho do total, ela apresentará uma estrutura idêntica. O microcosmos tem, essencialmente, todos os elementos do macrocosmos. Contudo, quero enfatizar que cada parte contém o todo, não a nível manifesto, mas a nível de processo. Aquela partícula ínfima de Mandelbrot não contém a outra, enorme, num sentido físico. Ela é pequenina demais para isso. Mas, a nível processual, as duas são virtualmente idênticas. 

Agora, qual o significado disso tudo, e o que significa em termos astrológicos? Aqui tenho que convidá-los a um tipo de vôo ou fantasia metafórica. E é o que eu quis dizer ao expressar que minha exposição seria meditativa, requerendo um pensamento imaginativo. Gostaria de convidá-los a considerar este "Mendelbrot Set" como uma espécie de cosmos. Pensemos em cada minúsculo conjunto de Mendelbrot como um ser humano. Então, se alguém adentrasse e contemplasse profundamente a natureza da existência de alguém, chegaria à consciência do processo que gerou aquela existência. Ao atingir tal consciência, apreenderíamos então o processo do cosmos como um todo, pois eles são um e o mesmo processo. É como aquilo que os budistas tântricos dizem: "Se você chegar a compreender o corpo humano de maneira suficientemente profunda, você terá compreendido o Universo". E eles não estão se referindo ao conhecimento físico. Estão se referindo a um saber a nível energético, a nível processual. Neste caso ele é representado pela equação simples de Mandelbrot, que é a ordem implícita. 

Até o momento, estes conjuntos de Mandelbrot que estivemos examinando são estruturas estáticas. Elas são estruturas matemáticas fixas, imutáveis. Agora, passemos a imaginar que aquelas estruturas e processos subjacentes estão ambos se desenvolvendo no tempo. Imagine que tal processo - a ordem implícita - está se alterando através do tempo e que, portanto, a estrutura de Mandelbrot - a ordem explícita - está, ela mesma, se transformando através do tempo. Eu cheguei a procurar por alguns vídeos que representassem este esquema mas não consegui encontrá-los. Nem ao menos sei se isso já foi representado matematicamente. Mas basicamente a idéia seria a de que à medida que o processo subjacente a tal manifestação se desdobra e modifica, então esta estrutura inteira iria acompanhar tal desdobramento e modificação num tipo de dinâmica fractal. Vocês podem então imaginar que cada uma dessas ínfimas partes subjacentes se altera e desenvolve de uma maneira que estará diretamente correlacionada com a evolução do macrocosmos como um todo. Neste sentido, começamos a compreender como poderiam existir correlações entre a evolução do macrocosmos, isto é, o movimento dos planetas, por exemplo, e a evolução de uma parte individual daquele macrocosmos, ou seja, um ser humano. 

Isto conduz a um tipo de compreensão metafórica de como a astrologia poderia funcionar, e realmente funciona, de uma maneira não-mecanicista. Isto é muito importante de ser compreendido. Não é que Plutão envie irradiações para dentro de seu cérebro, que atuaria como um rádio-receptor, apreendendo-as, e então você sai a fazer coisas plutonianas. E não significa também que Plutão esteja dentro de você, no sentido de que Plutão é excessivamente grande para estar contido em seu corpo físico. É que o processo que está ocorrendo em Plutão está ocorrendo em você também. Literalmente. Assim, Plutão está literalmente contido em você, e em mim, mas a nível de processo, não a nível de manifestação. 

(Em resposta a uma pergunta inaudível da audiência, Dr. Keepin responde) O conjunto de Mandelbrot é verdadeiramente um objeto bidimensional, que existe no complexo plano das matemáticas. E existe outra limitação para esta metáfora como um todo que eu quero mencionar aqui. Basicamente o que eu estou tentando sugerir aqui é que, de forma muito vaga, isto nos dá um modelo para compreendermos alguma coisa sobre a natureza do modelo de funcionamento da astrologia. O que significa que temos um processo gerador, ou ordem implícita, e então temos um reino manifesto. E à medida que tal processo se altera no decorrer do tempo, resulta num desdobramento cósmico que tem correlações temporais entre as manifestações microcósmicas e macrocósmicas. Mas, como vocês sabem, uma certa configuração astrológica arquetípica pode resultar numa variedade de diferentes manifestações, dependendo das intenções, do ser, e da integridade da pessoa envolvida. De tal maneira que a coisa é muito mais complexa que isso. Aqui só pretendemos dar uma visão simplista de como certas coisas poderiam estar funcionando. Só gostaria de acrescentar algumas poucas coisas, e então encerrarei para que tenhamos tempo para perguntas e respostas. 

Existe um tipo de estrutura holográfica para grande parte da astrologia, e eu apenas mencionarei algumas poucas. Uma é a idéia dos três planetas superiores serem as "oitavas maiores" dos planetas pessoais - Netuno a oitava de Vênus e Plutão a oitava de Marte. Na medida em que haja alguma validade para isto - não desejo retratar o caso como uma verdade literal - refletirá relacionamentos de estruturas auto-similares em diferentes escalas. De modo parecido, com relação a progressões, um ano inteiro é essencialmente representado pelo movimento do Sol num único dia. Existe um modo pelo qual o tempo também tem sua estrutura fractal. De fato, David Bohm afirmou que cada momento do tempo contém todo o passado e todo o futuro. O tempo não é uma corrente de fluxo fixa, o que é intrínseco à ordem explícita. Antes, o tempo é um tipo particular da ordem explícita que se desdobra como uma seqüência de eventos, sendo que passado e futuro são medidas da profundidade da implicitação. Além disso, o tempo possui sua própria ordem implícita que Bohm denominou de "ordem eterna", e que se situa além de todo o tempo manifestado. Vocês podem começar a ver como cada explicação tem uma implicação maior, e por aí vamos indefinidamente, para níveis ainda mais sutis. 

No caso da astrologia, podemos encarar os arquétipos como um tipo de ordem implícita, e quando eles se tornam explícitos, passam a ser os próprios eventos manifestados. Mas poderia existir também uma ordem super-implícita, superior a todos os arquétipos, e que os ordenaria. Portanto a coisa se torna muito complexa, e Bohm, em verdade, chegou a desenvolver a idéia da ordem super-implícita que irei simplesmente mencionar, mas não chegando a esmiuçá-la. Ainda um outro exemplo de estrutura do tipo holográfica em astrologia é o seguinte: você pode fazer uma leitura de mapa baseado simplesmente em quais signos os planetas se encontram. O signos realmente fazem referência ao cosmos como um todo, uma vez que eles essencialmente dividem o universo em doze setores. Por outro lado, você poderá também fazer uma leitura com base nos próprios aspectos e nos pontos médios. No último caso, você estará apenas encarando a nível do Sistema Solar, e não além. Na verdade, é possível ignorar completamente os signos, e ainda assim obter uma leitura bastante acurada. Portanto, a mesma informação está contida em diferentes níveis e, de alguma forma, replicada a nível do Sistema Solar, bem como a nível cósmico. 

Agora, há um ponto final que desejo mencionar acerca do trabalho de David Bohm. É um ponto muito importante e que não é enfatizado em muitos dos escritos feitos a seu respeito. Bohm acabou chegando a esta idéia de um tipo tripartido de ontologia. O que em síntese ele coloca, é que a realidade consiste de matéria, energia, e significado. A compreensão física comum em ciência é a de que o universo consiste de matéria e energia, e Einstein chegou à gloriosa equação desses dois termos com E=mc2. O que Bohm diz, contudo, é que o significado tem a mesma primazia ontológica que matéria e energia. Deixem-me fornecer-lhes uma citação original. Bohm diz: "A energia compreende matéria e significado, ao passo que a matéria compreende energia e significado. (Quando você escutar esta palavra, "compreende", pense na gota de tinta desaparecendo na glicerina). Mas também, significado compreende ambos, matéria e energia. De tal forma que cada uma dessas três noções básicas abrange as outras duas." 

O que Bohm está propondo aqui é um tipo de interpenetração de matéria, energia e significado. Ele prossegue dizendo: "Isto implica num contraste em relação à visão comum, qual seja, o significado é uma parte inerente e essencial de nossa realidade como um todo, e não meramente uma qualidade puramente etérica e abstrata que tem sua existência apenas a nível mental, ou, para colocar de outra maneira, na vida humana. Quase sempre, significar é ser. Em certo sentido, poderíamos dizer que nós somos a totalidade de nossos significados." 

Para Bohm, a natureza da realidade é esta interpenetração de matéria, energia e significado. O reino da matéria-energia é a ordem explícita, ou reino manifesto. O reino do significado é a ordem implícita, e existe uma interpenetração entre ambos. 

Gostaria de mencionar ainda que é daqui que tiro alguma esperança para a possibilidade de "salvar o planeta". A maior parte de meu trabalho é sobre ciência ecológica, e se você considerar os fatos objetivos da crise ambiental, verá que ela é muito, muito preocupante. E se você adotar o ponto de vista científico comum, de que temos que consertar o planeta inteiro de modo incrementador, pedaço por pedaço, nenhuma esperança resta. Porém, se você imaginar que alguns poucos dentre nós, bem intencionados pequenos Mendelbrots, seremos capazes de ser suficientemente auto-conscientes e entrarmos em contato com o processo que permeia toda a realidade manifestada, penetrando na essência em si do próprio processo criativo da Natureza, e trabalhando nesse nível - isto é o que se poderia chamar de espiritual, ou de amor, ou seja lá o que for - então poderíamos talvez ser capazes de afetar a própria evolução desse processo! 

Estou consciente de que esse deve ser um longo caminho, mas adotando tal proceder poderíamos ser então capazes de obter um efeito muito além de nossos números. E existe precedente para tanto em termos cosmológicos. Por exemplo, todo o hidrogênio que há no mundo apareceu instantaneamente. Não havia hidrogênio e então, subitamente, o hidrogênio apareceu em tudo quanto é lugar, simultaneamente. O mesmo em relação às galáxias. As galáxias não existiam até que em determinado momento todas despontaram, cristalizadas e condensadas sob um formato. Essencialmente, elas se manifestaram a partir da ordem da implicidade em todos os lugares e ao mesmo tempo. Nesse mesmo sentido, através de uma ação profundamente intencional no mundo, penso que algumas poucas pessoas podem potencialmente causar uma diferença bastante significativa. As massas chamariam a tal coisa intervenção divina. Encarariam isso como algo incrivelmente mágico, mas não se trata de intervenção divina, e sim de divina arquitetura: é o modo como a realidade está estruturada. E sabendo disso, e trabalhando a nível processual, ao invés de meramente ao nível da manifestação, poderemos começar a atingir aquele ordenamento mais profundo da realidade. 

Assim, para finalizar, gostaria de passar-lhes uma visão positiva do futuro da ciência. Primeiramente, o que vem a serciência? Ciência é um tipo de reconhecimento-padrão, e o que ele requer, o sine qua non para a ciência, é a existência de algum tipo de ordem. Existe uma ordem básica no reino material e assim temos a ciência ortodoxa, resultante do estudo da ordem em termos de matéria e energia. 

Pelo mesmo enfoque, existe também uma ordem no significado. O significado é ordenado, não arbitrário. Há inúmeros diferentes exemplos disto, sendo um deles a beleza da música de Mozart em comparação com a de Salieri, e que se constitui num fato objetivo. Mas isso não pode ser mensurado com instrumentos de laboratório e nem através de uma tomada microfônica. Nem a análise de Fourier das formas de ondas advindas daquele microfilme jamais o habilitariam a distinguir entre a música de Mozart e a de Salieri em termos da essência do gênio ou da beleza. Porém, ela está ali. 

A astrologia, em certo sentido, é uma ciência da ordem do significado que interpenetra o universo físico espaço-temporal. E nisso, penso, reside o fato de ela ser tão profunda. Pois de certa forma, todas as ciências esotéricas, tais como o I Ching, o tarot, e outras, são ciências da ordem do significado. Elas são essencialmente modelos da ordem implícita, em certo sentido. Mas o que existe de tão profundo na astrologia é em virtude de sua conexão com planetas e estrelas, o que precisamente modela a interpenetração entre os reinos invisíveis do significado e o universo físico espaço-temporal. 

Portanto, o que eu prevejo, ou talvez, pelo que eu rezo, para o futuro da ciência? 

Essencialmente, uma grande síntese de ciências explícitas e implícitas. A ciência ortodoxa de hoje em dia passaria a ser vista como uma ciência parcial, limitada à ordem explícita. Ela se foca sobre aquelas partes que vemos em nosso redor e erroneamente tomamos pela realidade total. Por outro lado, a astrologia e as demais ciências esotéricas são ciências da ordem implícita, e não apenas não contradizem as ciências físicas, como astrologia e física são dois aspectos de um só e muito mais abrangente Todo. Isto eventualmente conduzirá a uma grande síntese das ciências sagradas com as seculares, numa ciência muito mais profunda do que a que temos hoje. Obrigado."



quinta-feira, 20 de junho de 2013

Esquizofrenia, paranoia e manipulação: uma reflexão psicológica e astrológica sobre as Manifestações




Mas o que significam estas manifestações? Isto está uma confusão. Cada um fala uma coisa, cada um tem sua própria causa, as pessoas parecem perdidas. São muitos gritos de guerra, falando sobre os mais diversos assuntos, sobre tudo e nada ao mesmo tempo. A causa pela qual estão lutando é o preço da passagem? Mas ninguém se importou com isso até agora, porque resolveram, do nada, fazer um auê tão grande? Mas o país não tava crescendo? O país nunca esteve tão bem. O  país nunca esteve tão mal. É a revolta da vingança ou a revolta do vinagre? A polícia é só mais uma vítima ou são os verdadeiros vândalos. O movimento é da direita ou da esquerda? É apolítico ou apartidário? Revolucionário ou reacionário?

Outro dia li uma matéria, no jornal espanhol El Pais dizendo que o Brasil estava esquizofrênico, e que as manifestações que estão acontecendo aqui são um sintoma desta esquizofrenia.

Em meio a tantas vozes, fica difícil mesmo entender o que está acontecendo. O clima é de confusão, excitação, medo, raiva, violência, euforia, empolgação, animação, guerra, festa. O contato com tantos sentimentos ao mesmo tempo me faz lembrar a primeira vez que vi uma esquizofrênica no hospital psiquiátrico, quando estava na faculdade de psicologia. Nossa, aquilo me incomodou tanto,  a loucura daquela mulher me invadiu com tanta força, que tive que pedir pra sair da sala e respirar lá fora, com medo de desmaiar. Como podem conviver com tanta força dentro de alguém sentimentos tão contraditórios?

O paradoxo e a contradição perturbam justamente por isto.  Não estamos acostumados, não temos estrutura para suportar a convivência dos opostos justamente porque desde cedo somos ensinados a separar o certo do errado, o bom do mau. Nossa consciência é formatada dentro de um sistema lógico e linear, binário, do tipo “ou/ou”. Ou amor ou ódio, não se pode acender uma vela pra deus e outra pro diabo. Porém, na vida, no cotidiano, não funciona bem assim. As coisas são bem mais complexas e muitas vezes somos obrigados a conviver com paradoxos. Mas, como não temos um modelo mental acostumado a lidar com isto, muitas vezes acabamos “pirando”.

            O antropólogo Gregory Bateson percebeu isto quando formulou sua teoria a repeito da esquizofrenia e do duplo vínculo.  Segundo Bateson, o duplo vínculo acontece quando uma pessoa se vê diante de mensagens simultâneas de amor (aceitação) e de rejeição. O  fato de tais mensagens serem contraditórias, faz com que quem as receba fique confuso. Este quadro é frequente no meio familiar e ocorre, em especial, entre pais e crianças, e segundo Bateson, muitos adultos jovens que desenvolvem esquizofrenia, tiveram histórico de relações de duplo vínculo com os pais na infância. Estas mensagens vêm na forma de frases como “nós te amamos, mas temos de castigá-lo, porque senão você vai se comportar mal, e não queremos que você se comporte mal porque queremos continuar gostando de você”. A criança, que ainda não tem o ego e nem todas as funções cognitivas bem formadas, fica confusa diante de tais mensagens e dos sentimentos que elas provocam. Diante disto, a criança se vê sem saída. Se correr o bicho pega, se fica o bicho come.  A mensagem lhe parece confusa e sua capacidade de ser amada parece ameaçada, isto torna a realidade muito assustadora, e ela não consegue se adaptar, encontrar uma saída para o paradoxo. Então, procura modificar a realidade para que ela pareça menos ameaçadora, e o resultado disto, a longo prazo,  pode ser a alienação mental. A criança vai aprendendo a ver e interpretar o mundo e as mensagens de forma distorcida, com base nas relações traumáticas de duplo vínculo.

Segundo Bateson, o problema maior não é o paradoxo em si, mas o fato de a pessoa se ver sem saída diante dele, de não poder questionar, comentar as mensagens recebidas, sob o risco de perder o amor ou a aceitação. Em última análise, trata-se de uma questão de comunicação, pois se a criança pudesse questionar, poderia entender, discriminar, esclarecer, escolher uma alternativa e descartar a outra, ou de  integrá-las de forma a encontrar um sentido na mensagem. Na impossibilidade de questionar,  após um longo tempo de convivência  numa relação de duplo vínculo, os esquizofrênicos adotam uma saída radical: afastam-se do mundo real.

As relações interpessoais consistem em receber mensagens, comentá-las, questioná-las, e entendê-las, debatê-las. Na impossibilidade da comunicação, da troca, da inclusão, surge a esquizofrenia e o afastamento da realidade.

De uma certa forma, isto é exatamente o que a mídia, a comunicação de massa e seus veículos, especialmente a televisão,  fazem conosco, contribuindo para produzir uma sociedade esquizoide. Massificando mensagens e padronizando respostas, impede a troca, o questionamento, o debate, a diversidade mental  e  a criação, mantendo o condicionamento da nossa cultura pelo pensamento binário.  Ou isto ou aquilo, o certo ou o errado, o mocinho ou o bandido, o herói ou o vândalo.

Na esquizofrenia, existem três tipo de comportamento principais diante de uma mensagem contraditória : o primeiro consiste em procurar para tudo um subtexto, ou seja, imaginar que toda mensagem tem algo “por trás”. Isto leva a uma conduta de suspeita e desconfiança constantes, típicos da esquizofrenia paranoide.

O segundo comportamento revela um padrão de pensamento que é concreto e infantil. Leva tudo ao pé da letra, e se você fala ao pé da letra, a pessoa vai procurando onde fica o pé da letra. Tudo é motivo de riso, o que é típico na esquizofrenia hebefrênica.

O terceiro comportamento consiste em ignorar as mensagens, afastando-se de tudo e encastelando-se no mundo interior. É  caso da esquizofrenia catatônica.

Se pensarmos no que está acontecendo em nosso país como um caso de esquizofrenia, temos o governo e a mídia nos transmitindo mensagens contraditórias o tempo todo, para nos confundir.  Nunca conseguimos saber ao certo o que está acontecendo. A polícia desce o cacete, mas o governo diz que é para a nossa própria proteção, para a manutenção da ordem, para nos proteger dos bandidos baderneiros, especialmente durante manifestações populares.

O tempo todo nos são transmitidas mensagens do tipo: o país está crescendo, a economia está crescendo e para  isso são necessárias obras como Belo Monte. Só que pra isso teremos que, alterar o curso do rio, sacrificar a fauna e a flora da região, além de expulsar para outras regiões vários povos indígenas, ribeirinhos, pequenos agricultores, afetando a natureza e a população de forma irreversível. Mas isso é necessário para o desenvolvimento do país, vai gerar empregos e vai ser muito bom pra todo mundo.

O governo vai investir milhões nos transportes públicos, por isso é necessário o aumento da passagem. Mas boa parte dos transportes públicos estão nas mãos de empresas privadas, ficam cada vez mais sucateados. Podemos até diminuir o preço da passagem, mas teremos que tirar recursos da saúde, e não gostaríamos de fazer isso, mas já que vocês exigem....

Pesquisas mostram que o povo está muito satisfeito com o atual governo, pois o país nunca esteve tão bem, mas levantam-se manifestações populares em todo o país com as mais variadas reivindicações. Mas isso só acontece devido a ação de vândalos que só querem depredar o patrimônio público.

Mediante tantas mensagens contraditórias, o país reage esquizofrenicamente, ora com desconfiança, ora fazendo piada de tudo sem levar nada a sério, ora simplesmente ignorando o que acontece ao seu redor.
Alguns dos sintomas da esquizofrenia são:

Ouvir vozes e ver coisas que os outros não veem. Ter pensamentos, sentimentos como conhecidos ou partilhados pelos outros. Achar que forças sobrenaturais influenciam seus pensamentos e ações. Não conseguir separar com nitidez o que pensa daquilo que acontece. Apresentar afetos inadequados ou embotados. Não apresentar um senso de individualidade, unicidade ou direção de si mesmos firmes. O humor se expressar de forma superficial, caprichosa, incongruente ou ambivalente. Perturbações da vontade como inércia, negativismo, estupor.

Alguns fatores geradores de esquizofrenia são a incapacidade de:

Dar importância ou tentar seguir a vozes contraditórias. Tentar reagir ou entender tudo o que se percebe. Ter que separar nitidamente o que é pensamento do que é realidade e ação. Não poder ter dúvidas, incertezas, questionamentos.  Não poder dividir, falar, compartilhar. Não poder se ver múltiplo e um ao mesmo tempo. Não poder ter ou não suportar dentro de si sentimentos contraditórios.

A imposição de uma norma, de uma forma única e fundamentalista de ver as coisas leva ao pensamento rígido e binário, que impede outras interpretações. É exatamente o que faz a mídia com a nossa cabeça, através de uma ditadura sutil (ou nem tão sutil assim).

O literalismo e o fundamentalismo tentam manter a estabilidade de algo que por natureza está sempre em movimento. Elimina a possibilidade de multiplicidade e de criatividade.

Diante disto, começo a me questionar se o país está ficando esquizofrênico ou se está começando a se curar de uma antiga esquizofrenia. Porque se a esquizofrenia acontece pelo impedimento do questionamento, as pessoas estão começando a se questionar.  Estão começando a debater, estão começando a, através da internet e das mídias sociais, a recuperar a capacidade de se comunicar, de entender e de se fazer entender.

A proposta de Jung para dar conta da esquizofrenia, é dar ouvidos as múltiplas vozes que falam na cabeça do esquizofrênico. Deixar que as vozes se expressem, pois existe um sentido mais profundo em todo delírio, uma tentativa de expressão da psique numa tentativa de recuperar a saúde.  As múltiplas vozes podem ser simbolizadas pelas múltiplas “causas” desta estranha manifestação que está ocorrendo no país. E todas precisam  e exigem ser ouvidas. O aumento da tarifa, a necessidade de melhoria da educação e da saúde, os direitos dos homossexuais, das mulheres, o direito ao protesto e a livre expressão, o direito de ser coxinha, maconheiro, vadia, alienado. O direito de ser de direita. O direito de ser de esquerda. O direito de ter um partido. O direito ao movimento apartidário. Todos podem conviver e existir ao mesmo tempo. Tentar encaixar a manifestação  em  um movimento da esquerda ou da direita, do PT ou PSDB, acreditar que sempre existe uma intenção  oculta de golpe por trás de tudo, achar que é só vandalismo, tudo isto, sim, me parece esquizofrenia.

O que cria a esquizofrenia é a negação da multiplicidade, das múltiplas possibilidades, do eterno fluxo das coisas, das configurações que se criam e se dissolvem e se transformam o tempo todo. O que pode ajudar a mente esquizofrênica a se reintegrar é a aceitação das multiplicidades, assim como o que pode nos ajudar a compreender um pouco melhor o que está acontecendo é permitir que todas as causas se expressem. É a permissão para a indagação, para o questionamento, para o diálogo.

No mais, creio que não exista um jeito certo ou errado de fazer uma manifestação.  Além disso, nem tudo precisa ser entendido pela mente lógica e linear. Nem tudo precisa ser preto ou branco, PT ou PSDB, direita ou esquerda. Nem todo mundo precisa ter partido ou tomar partido. Ser apartidário não precisa significar ser apolítico. Não precisa ser ou isto ou aquilo, pode ser isto e aquilo também.

Talvez tenha chegado a hora de ampliar a consciência, de mudar a forma de pensar, de expandir a mente. O que parece estar acontecendo é uma briga entre o velho e o novo.  Para a astrologia, um reflexo da quadratura entre Urano e Plutão (e sim, isso não explica nada para o pensamento lógico, é só um pensamento por analogia e não uma explicação de causa e efeito). Urano em Áries, representando o novo, e Plutão em Capricórnio simbolizando as velhas estruturas se digladiam no céu e temos que harmonizar estas energias dentro e fora da gente. Nem tudo que é  velho precisa ser destruído com a chegada do novo, mas certas estruturas antigas, ultrapassadas e corroídas, certas formas de pensar obsoletas precisam ser abandonadas.

A vida não precisa ser uma eterna briga entre a direita e a esquerda. Essa mentalidade às vezes me parece ultrapassada, e isso não significa que eu esteja vendo tudo de cima do muro e muito menos defendendo um ponto de vista reacionário, fascista, moralista. Muito pelo contrário. Só acho que precisamos ultrapassar estas polaridades, para vivermos num mundo mais justo,  mais integrado e mais equilibrado.

Concordo também que por enquanto isto ainda é utópico, que existem oportunistas e possibilidades de sabotagens e golpes sim, que existe uma parcela de pessoas interessadas em que nada mude, que tudo permaneça como está, mas podemos pelo menos tentar caminhar na direção de uma mudança, a princípio, na nossa consciência.

Netuno em Peixes gera confusão, loucura, esquizofrenia. Mas também traz a volta das utopias, dos sonhos, dos ideais. Mostra a necessidade de maior inclusão, de melhor comunicação, de aceitação das diferenças. De cura, de compaixão, de união, de não linearidade.

Saturno em Escorpião não permite mais a negação. Expõe aquilo que se tenta ocultar,  nos faz encarar aquilo contra o que a gente tenta brigar, para nos mostrar que nosso maior inimigo reflete uma parte não aceita e reprimida do nosso próprio ser.

Literalidade e fundamentalismo podem gerar esquizofrenia.  Ou é isto ou aquilo. Não pode ser isto e aquilo e mais alguma coisa? Ou é amor ou é ódio, portanto, se sinto ódio e amor ao mesmo tempo, só posso estar louca? Diante da impossibilidade de conciliar as coisas, as pessoas piram mesmo.

E no momento, se há alguma coisa que acho realmente arriscada, é a tentativa de cura que se deu através do movimento ser sabotada pela parte doente deste grande organismo que é o país. Na tentativa persecutória de encaixar o movimento em um golpe da direita ou da esquerda, impõem-se uma regra repressora, um pensamento do tipo isto ou aquilo. As pessoas, sem entender nada, se confundem, começam a se sentir perseguidas, enganadas e o movimento se esvazia. Aí sim, tudo volta a ser como antes e nada muda!

O pensamento do tipo isto ou aquilo, muitas vezes imposto pela mídia ou por outras instituições manipuladoras que querem manter as coisas como estão, é um cabresto, que estamos muito acostumados a usar. Por isso as pessoas, embora se sintam livres ao poder se expressar de forma apartidária, logo também se sentem inseguras e sem lideranças. Aí, a mídia aproveita, e começa a bagunçar a cabeça de todos com ideias de perseguição e enganação, para que o povo se sinta acuado, enganado, envergonhado e pare de se manifestar.

Sendo assim, abaixo todo o tipo de repressão, vamos dar ouvidos a todas as vozes, com um pouco mais de amor, por favor.
















quarta-feira, 29 de maio de 2013

Homo Canis - uma proposta

Escrevi este texto em setembro de 2009, quando o Mil, nosso velho cão, morreu. Resolvi postá-lo novamente por aqui...Tô copiando e colando do site Somos Todos Um, onde tinha sido publicado originalmente; a fonte está diferente da do resto do blog, devido a minha incompetência em adaptá-la.

O Mil se foi no dia 09/09/2009, um dia de conjunção entre Sol e Saturno no signo de Virgem, em oposição a Urano em Peixes. Na numerologia, 09 é o número que indica finalizações, encerramentos de ciclos. Na astrologia, Saturno e Urano são planetas associados à morte, ao envelhecimento, às perdas e rupturas.Virgem é o signo regente dos animais de estimação...



Não tenho fotos do Mil por aqui, mas deixo um representante canino da mais digna viralatice na imagem abaixo:







     Deus, desculpe incomodá-lo, mas é que andei pensando e gostaria de conversar com  Vossa Onisciência sobre um assunto. Ao que tudo indica, me parece que o Senhor está mesmo pensando em acabar com nosso mundo em breve e, sinceramente, também acho que a humanidade não tem mais jeito, e talvez a melhor solução seja mesmo destruir tudo e recomeçar, como foi na época de Noé. 


     Mas o motivo de minha abordagem, não é bem este. Na verdade eu, humildemente, gostaria de contribuir com uma ideia para o Seu projeto de uma nova humanidade. É que, da ultima vez, para fazer o homem evoluir como espécie, o Senhor apostou no macaco, acredito que por ele ser um bicho animado, inteligente, dinâmico, enfim, a gente imagina que o Senhor deve ter tido os Seus motivos. Mas, com todo respeito, não sei se deu muito certo. Talvez justamente o fato de o macaco ser assim tão esperto e inteligente tenha mesmo é prejudicado a humanidade enquanto espécie. Gostaria de saber se o senhor não se interessaria em tentar uma nova experiência, mas dessa vez com o cachorro. A ideia é a seguinte: e se a nova humanidade, ao invés de evoluir diretamente do macaco, evoluísse do cachorro?


     Pense bem, Deus...Poderíamos ser uma espécie mais amorosa, fiel e dedicada, na qual o amor incondicional seria a base de nossas relações. Poderíamos não ser tão inteligentes, mas para que serviu tanta inteligência, se não para destruirmos o nosso planeta? A nova humanidade, evoluída do cachorro, teria um coração mais aberto, generoso, e as pessoas saberiam se doar e dedicarem-se umas às outras. Teríamos uma intuição muito mais apurada do que o intelecto, e agiríamos a partir do coração ao invés da mente. Seríamos pessoas mais sensíveis, e a verdadeira amizade seria comum entre as pessoas. Teríamos uma natureza mais gregária, por isso viveríamos melhor em sociedade. Saberíamos respeitar o território uns dos outros, e não haveriam mais guerras. Seríamos uma humanidade alegre, brincalhona, criativa, e a solidariedade seria nossa marca registrada. Saberíamos entender a dor uns dos outros e dar apoio simplesmente pela nossa presença silenciosa. Não julgaríamos, nem condenaríamos nossos irmãos e saberíamos perdoar e esquecer as ofensas com maior facilidade. Teríamos sempre um olhar doce e carinhoso uns para os outros, e saberíamos ser felizes com muito pouco. Dessa forma, deixariam de existir a ganância, a competitividade exacerbada e as desigualdades sociais. Não teríamos mais a esperteza dos macacos, mas isso talvez nos impedisse de sempre querer levar vantagens uns sobre os outros. Nossas brincadeiras seriam mais inocentes, teriam mais leveza e não mais nos divertiríamos às custas uns dos outros, fazendo gozações ou irritando nossos irmãos.


     Talvez, ficássemos um pouco para traz em termos de capacidades de aprendizagem, mas em compensação, teríamos uma inteligência emocional muito mais desenvolvida, o que, o Senhor me desculpe a sinceridade, acho que foi uma falha no homem-macaco. Além do mais, como homens-macacos, não conseguimos amar de verdade, estamos sempre esperando uma recompensa, um reconhecimento. É que, por mais que tentemos, o gene macaco sempre acaba falando mais alto.


     É claro que o cão ainda não é um animal perfeito, já que é uma evolução do lobo, e ainda tem em si uma certa agressividade, late, morde, mas até aí, Deus, nós também somos agressivos e muito mais perigosos. Certamente, se evoluíssemos do cachorro, usaríamos nosso faro e nossa agressividade apenas para nos defendermos de perigos reais, farejados à distância. Usaríamos melhor os nossos instintos, ao invés de reprimi-los.


     O homem-cão, ou homo canis, seria menos egoísta e autocentrado e mais amável e amigo. Teria o gene canino, que sabe amar sem esperar nada em troca. Seria mais espontâneo e saberia olhar mais para o outro, abrir mão do próprio ego e se contentaria apenas em dar e receber carinho, incondicionalmente. Não se preocuparia em fazer barganhas, em levar vantagens, em ver o seu próprio lado primeiro. Saberia se doar. Seríamos pessoas melhores, Deus, talvez nos aproximássemos mais de sua Ideia Inicial e nos tornaríamos mais parecidos com Seu Filho, conseguindo praticar os seus ensinamentos. 


     Bom, não pretendo me estender mais, pois sei que Vossa Sapiência é muito ocupado, e mesmo sendo Onipresente, tem muito o que fazer. Mas gostaria de deixar registrada esta minha proposta. Agradeço a sua atenção e me despeço agora. Bom trabalho para o Senhor e que Sua Grande Obra possa continuar se realizando, cada vez mais aperfeiçoada.


* Meu nome é Luciana Martins Dias e Silva, e escrevi este texto em homenagem ao Mil, um cachorro da melhor qualidade, que foi um membro de minha família por 14 anos e nos deixou recentemente. Descanse em paz, velho Mil.