quinta-feira, 6 de setembro de 2012

Marte ataca!



Hoje eu já saí da cama irritada. Odeio acordar cedo e tive que  levantar às seis, paciente marcada para as oito. De cara já fui grossa com a minha mãe e discuti com o porteiro. Atrasada, peguei um taxi e o motorista esquentadinho brigou com um motoboy. O carro da faixa do lado bateu na traseira do outro e quebrou uma lanterna.

Cheguei no consultório na hora, mas a paciente não. Meia hora depois, mandou uma mensagem avisando que não viria. A essa altura eu já estava querendo estrangular a primeira pessoa que aparecesse na minha frente. Para ajudar, saí de casa usando bota, meia e blusa de lã...Sim, de manhã estava frio! O problema é que logo saiu um sol escaldante e eu comecei a derreter. Ao meio dia  estava irritada, suada e vermelha feito um pimentão. De calor e de raiva!

 Com medo de explodir  ou causar uma tragédia a qualquer momento, resolvi consultar os astros. Aí comecei a entender a situação. Lá estava ele: Marte, resplandecente em Escorpião,  seu domicílio e meu signo. O diabo estava fazendo uma conjunção com Sol, Mercúrio  e Urano no meu mapa, além de uma oposição à minha Lua em Áries, o outro signo que ele comanda.

Para colocar a cerejinha  que faltava em cima do bolo, desde a semana passada comecei a tomar um floral fortíssimo do Joel Aleixo, chamado Vitriol. Quis aproveitar o trânsito de Marte por Escorpião e tomar o floral de Marte em Escorpião (gênia!), para “potencializar as energias” e trabalhar um aspecto que tenho no meu mapa, que entre outras coisas, significa “alta agressividade”. Conclusão:  bem feito pra mim, que me transformei num demônio da tasmânia, espumante, vermelho e raivoso!

É que com Marte não se brinca, afinal de contas, ele é o planeta que representa a nossa força, agressividade, energia instintiva. É Ogum que com sua espada abre caminhos, é o Deus da Guerra, que não tem medo das batalhas sangrentas, Hércules chacinando a família enlouquecido pela ira. Acho que de certa forma, subestimei  este poder e venho aqui pedir desculpas em público, com a intenção de apaziguá-lo e de  com ele me harmonizar.

Marte, no meu mapa, está  aflito pela quadratura de um Saturno cobrador, que reprime todas as suas ações. E quando há um excesso de julgamento, de repressão, de “não pode”,  “não deve”, “não deixo”, a gente vai deixando pra lá, ficando tímida, se escondendo do mundo. Fica covarde, sente medo, deixa de agir. O problema é que, por maior que seja a repressão ou a negação, Marte jamais se submete. Na verdade ele se ressente, e se manifesta na forma de fúria, de ira, de violência e destruição.

Quem tem essa força redobrada, como é o caso das pessoas que tem Marte em Áries, em Escorpião, na casa um ou na oitava casa do mapa astral, muitas vezes começa a ser reprimido logo cedo. “Fica quieto, moleque!”. “O doutor achou melhor dar ritalina pra ela,  disse que é hiperatividade”. “Olha, meu bem, se você bater no coleguinha de novo papai do céu vai  te castigar!”. Desde pequeno vai aprendendo que raiva ou energia demais são coisas perigosas, que Deus não gosta e que é melhor se aquietar. Torna-se aquela pessoa submissa, calada, apática, anêmica, sem energia, sem pró-atividade. Aquele funcionário que sempre obedece, o marido resignado ou a esposa que apanha sem reclamar. Até que de repente,  sem que ninguém entenda o motivo, num “Dia de Fúria”, quebra tudo ao seu redor.

O autoconhecimento me  ensinou a ter medo de gente muito boazinha, quietinha, obediente. Sei que de algum lugar do inconsciente Marte espreita, pronto para atacar!