quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Quíron em Peixes: as feridas da alma



Ao acompanhar os movimentos dos astros, me dei conta de um importante aspecto que está acontecendo no céu já há algum tempo, mas que por algum bizarro motivo (negação, talvez) ainda não havia chamado minha atenção. Netuno está fazendo uma conjunção com Quíron, o asteróide que rege a cura, que por sua vez entrou no signo de Peixes no dia 04 de fevereiro de 2011.


       Embora a conjunção Quíron-Netuno já esteja sobre nossas cabeças há mais tempo, percebi que desde o começo deste ano, várias feridas da alma que eu já imaginava curadas parecem ter sido reabertas e voltaram sangrar, talvez para que finalmente possam ser sanadas. Para mim, este foi um ano de sonhos reveladores e de espontâneas regressões, entre outros eventos espirituais curativos. Ano de redefinição de caminhos, de contato com novas formas de cura, de acesso a energias sutis e a partes do meu ser que nunca imaginei que pudesse acessar. Foi um ano em que chamei a cura com todas as forças para algumas dores e áreas da minha vida...Bom, com tudo isso acontecendo, obviamente eu estava olhando para meu mapa astral, trânsitos planetários e revolução solar e atribuindo todo o processo às forças transformadoras de Plutão, às energias reformadoras e revolucionárias de Urano, aos ensinamentos estruturantes de Saturno. Achei até que o ar da graça que Netuno deu no signo de Peixes até o meio do ano, para entrar definitivamente neste signo em 2012, pudesse ter contribuído, mas em nenhum momento voltei minha atenção para Quíron, o centauro, o curador ferido!

            Fui pesquisar as efemérides e descobri que Quíron ficará em Peixes até 2019, e que Netuno entrará em Peixes em 2012 e ficará até 2026. Tanto Quíron, quanto Peixes e Netuno estão associados à cura, à espiritualidade, às feridas da alma, à transcendência. De acordo com a astrologia, neste período de 14 anos especialmente, será dada à humanidade a oportunidade de uma cura espiritual e profunda através do contato com as próprias feridas, do autoconhecimento, da compaixão e do perdão. 

Para entender melhor a natureza de Quíron, achei legal resgatar um pouco da história deste asteróide e do valoroso centauro no qual seu nome foi inspirado.  

 

Quíron pode ser classificado como um asteróide ou planetóide de órbita extremamente elíptica, com ciclo de duração de 51 anos, situado entre Saturno e Urano. Por esta irregularidade em sua órbita, permanece por mais tempo nos signos orientais de Aquário até Touro (cerca de 30 anos) e por menos tempo (8 anos) na parcela ocidental (de Leão até Escorpião). 

 

Pelas divergências quanto sua classificação astronômica bem como sua irregularidade de órbita, a Quíron foi atribuído o termo “dissidente” - aquele que age com inconformismo e postura questionadora frente a normas pré-estabelecidas. 

 

Na mitologia grega Quíron foi um centauro, nascido de uma relação extra-conjugal entre Cronos (Saturno) e a ninfa Filira. Cronos, para não ser flagrado com a amante por sua esposa Réia, transformou-se em um cavalo. Daí nasceu Quíron, metade homem e metade cavalo, dando origem também à raça dos centauros. Quíron, porém, não seguia a regra de seus descendentes, caracterizados pela mitologia grega como criaturas instintivas que apreciavam apenas o entorpecimento e a sensualidade. Pelo contrário, era um exímio filósofo e vivia isolado em uma caverna no monte Pélion. Dotado de conhecimentos relacionados aos astros, à medicina, à matemática, às artes da guerra, e a natureza, era respeitado pelos Deuses e ocasionalmente deixava seu estado de isolamento meditativo para orientar alguns mortais a se tornarem guerreiros sagrados. Chegou a ser professor de Asclépio (ou Esculápio), considerado o pai da medicina, e de Hércules, o grande herói.

 

Um dia, Quíron foi ferido por Hércules, seu ex-discípulo, que, descansando entre seus 12 trabalhos, compartilhava com outros centauros um barril de vinho no monte Pélion. A bebedeira descontrolada acabou em briga e o barulho perturbou Quíron, que ao sair da sua caverna, foi atingido por uma das flechas do herói, embebida no veneno da Hidra de Lerna. Como o ferimento era mágico, e o veneno da Hidra muito poderoso, nem mesmo ele, que era o curandeiro-rei, poderia se curar. Com tanta dor Quíron desejou a morte, mas como era filho de um deus, era imortal.

 

Porém, sua dor era tamanha, que o levou a negociar com o Olimpo a passagem de sua condição de imortal a mortal, trocando sua descida ao submundo de Hades pela libertação de Prometeu, o titã rebelde que apoiara a humanidade contra os Deuses. Assim, morreu, encontrando finalmente a paz e o alívio para sua dor.

 

 Quíron nos mostra que até mesmo os grandes mestres tem suas dores e suas feridas, um lado humano, que precisa ser acolhido e curado. 

 

Netuno é o planeta que rege o signo de Peixes, e ambos estão ligados à simbologia crística. Desta forma, a cura para a humanidade talvez esteja ligada ao renascimento do Cristo no coração de cada um de nós, pois apenas acessando esta poderosa energia de Amor, compaixão e perdão por nós mesmos e por aqueles que nos feriram, poderá haver uma cura verdadeira.

 

Peixes e Netuno nos colocam também em contato com os planos superiores, as energias do astral e dos planos espirituais inferiores e superiores. Estão relacionados ao inconsciente, a tudo o que é sutil e invisível, ao que nos tira desta realidade conhecida, aos diferentes estados de consciência. Estas energias podem nos levar à iluminação, à espiritualização. Se mal sintonizadas ou distorcidas, à loucura, ou ao contato com o submundo das drogas ou das perturbações espirituais e mentais.

 

Assim, neste período, seremos convidados a nos conscientizar de nossa natureza espiritual, a unirmo-nos à nossa Natureza Divina, a compreendermos que somos todos Um, somos todos partes do Criador, a expandirmos nossa consciência aos planos extra-físicos. Talvez, seja hora de realmente compreendermos os ensinamentos do Cristo, tão bem representados pela simbologia pisciana: amor, perdão, humildade, compaixão. Talvez seja o momento de abandonarmos o medo, a raiva, o rancor, o orgulho, a ilusão da separatividade, atributos próprios do ego, que causam tanto sofrimento e abrem tantas feridas. Talvez seja a hora de tomarmos consciência de nossa natureza de centauros, e de finalmente morrermos para o ego, para nos tornarmos Verdadeiramente Humanos. Talvez a ferida de Quíron simbolize justamente esse aprendizado, pois muitas vezes na dor temos a oportunidade de sairmos do isolamento, de abrirmos mão do ego, de desenvolvermos a solidariedade, e também a humildade e a compaixão. Talvez, por enquanto, esta seja a única forma de nos humanizarmos.

 

Ainda agimos como os centauros bêbados e violentos, e como Hércules embriagados, não temos consciência de nossa natureza heróica e divina e nem nos damos conta da destruição e do envenenamento que estamos causando à nossa volta. Nos anestesiamos, preferimos viver na ilusão, recorremos a drogas, ao consumismo e a tudo o que entorpece.

 

 Na natureza, Netuno e Peixes regem o reino das Águas. Peixes é um signo do elemento água e está ligado ao mundo dos sentimentos e das emoções. O orixá a ele associado é Iemanjá, nossa Grande Mãe, rainha do mar, protetora do nosso mundo psíquico. Peixes e Netuno também regem tudo que intoxica, os agrotóxicos e a poluição. Talvez seja este o momento de purgarmos nossos venenos, chorarmos nossas mágoas e tristezas, nos libertarmos dos sentimentos e emoções distorcidas que geram toxinas, limparmos as águas do nosso inconsciente, para podermos também limpar as águas e toda a atmosfera psíquica do nosso planeta, a fim de adentrarmos uma Nova Era, mais amorosa, mais limpa, mais Humana.

 

 

Nota: para saber sobre as áreas influenciadas por essas energias em seu mapa, verifique em quais casas se encontram o signo de Peixes, o planeta Netuno e o asteróide Quíron. Verifique também em quais signos estão Netuno e Quíron. Sites como o www.astro.com fornecem mapas gratuitos.

 


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